(Antiga Escola Teixeira Lopes)

janeiro 24, 2008

Regicídio de D.CarlosI

No dia 1 de Fevereiro de 2008 completa-se um século desde que o penúltimo rei de Portugal e o seu filho foram assassinados no Terreiro do Paço .
D. Carlos I
D. Carlos I foi o penúltimo rei de Portugal. Sucessor de D. Luís I, subiu ao trono no dia 19 de Outubro de 1889. Os seus cognomes eram O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres) O Martirizado e O Mártir (por ter morrido assassinado), e ainda O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco). D. Carlos I foi um político desastrado que não soube ouvir as vozes do descontentamento popular, embora fosse um homem extremamente culto e com forte talento diplomático, tendo sido várias vezes incompreendido pelos políticos do seu tempo. Foi, no entanto, um homem apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do século XX. D.Carlos I instalou luz eléctrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a electrificação das ruas de Lisboa. D.Carlos foi ainda um amante da fotografia
Foi também um pintor de talento, com preferências por aguarelas de pássaros que assinava simplesmente como Carlos Fernando. D. Carlos I adquiriu um iate, o Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com Alberto I, Príncipe do Mónaco. Desta relação nasceu o Aquário Vasco da Gama, que pretendia em Portugal desempenhar papel semelhante ao Museu Oceanográfico do Mónaco. Honrando esta faceta do monarca, a Armada Portuguesa opera actualmente um navio oceanográfico com o nome de D.Carlos I.


O Ultimato Britânico de 1890
D. Carlos I foi aclamado rei de Portugal no dia 28 de Dezembro de 1889 e teve a presença de D. Pedro II, Imperador do Brasil, no Palácio de S. Bento na câmara dos deputados.
O reinado de D. Carlos I foi caracterizado por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular. Logo no início do seu governo, o Reino Unido apresentou a Portugal o Ultimato Britânico de 1890, que intimava a Portugal a desocupar os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique num curto espaço de tempo, caso contrário seria declarada a guerra entre os dois países. Como Portugal se encontrava sem dinheiro, a manutenção da ocupação destes territórios foi impossível e assim se perderam importantes áreas. A propaganda republicana aproveitou o momento de grande emoção nacional para responsabilizar a coroa pelos desaires no ultramar. Estalou então a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, que apesar de sufocada mostrou que as ideias republicanas avançavam com alguma intensidade nos tecidos operários e urbanos.
A Diplomacia em Portugal
Apesar da grave crise que D.Carlos I enfrentou no início do seu reinado face à Inglaterra, então a maior potência mundial, o Rei soube inverter a situação e, graças ao seu notável talento diplomático conseguiu colocar Portugal no centro da diplomacia europeia da primeira década do século XX. Deslocou-se inúmeras vezes as estrangeiro, representando inclusivamente Portugal nas cerimónias fúnebres da rainha Vitória, em 1901. Uma prova do seu sucesso foi o facto da primeira visita que o rei Eduardo VII do Reino Unido fez ao estrangeiro ter sido a Portugal, onde foi recebido com toda o luxo e circunstância, em 1903. Nos anos seguintes, D.Carlos I recebeu em Lisboa as visitas de Afonso XIII, o jovem monarca espanhol, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e, em 1905, do Presidente da República Francesa, Émile Loubet. Todas estas visitas deram algum colorido à corte de Lisboa, porém a visita do Presidente francês seria marcada por entusiastas manifestações dos republicanos. D.Carlos I e D. Amélia visitaram também Espanha, França e Inglaterra, nesses anos de ouro da diplomacia portuguesa, onde foram entusiasticamente recebidos em 1904. Em 1908, estava ainda prevista uma memorável visita ao Brasil para comemorar o centenário da abertura dos portos brasileiros, e que não veio a acontecer devido aos trágicos acontecimentos desse ano.
O Franquismo-------------------------------------------------------------------------------------------
De facto, durante todo o reinado de D.Carlos I, o país encontrou-se a braços com crises políticas e económicas, que se estenderam ao ultramar. Face à instabilidade geral, motivada pelo chamado rotativismo (rotação alternada dos dois principais partidos políticos, o Progressista e o Regenerador), D.Carlos I nomeou o regenerador liberal João Franco como primeiro-ministro. Este, afrontado pelos constantes ataques provenientes da Câmara dos Deputados solicitou ao rei que acabasse com o parlamento, adiando por algum tempo as novas eleições, ao que D.Carlos acedeu. A oposição (não só a republicana, mas também os monárquicos opositores de Franco) lançou então uma forte campanha anti-governo, envolvendo também o próprio rei, alegando que se estava em ditadura. Foi o início do movimento republicano, que começava a ganhar adeptos em todo o país.
O Regicídio de D.CarlosI
Como era habitual no início de cada ano, D.Carlos I partiu com toda a família para Vila Viçosa, a morada antiga dos Bragança e o seu palácio preferido. Aí reuniu pela última vez os seus amigos íntimos promovendo as suas célebres caçadas. Entretanto, a situação política agravava-se em Lisboa, com a oposição ao franquismo, estalando uma revolta, fracassada em 28 de Janeiro. João Franco decidiu ir mais longe e preparou uma lei prevendo o degredo sumário para as colónias asiáticas dos revoltosos republicanos. O rei assinou esta lei ainda em Vila Viçosa (consta que terá então dito: acabei de assinar a minha sentença de morte).
A 1 de Fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa. Viajaram de comboio até ao Barreiro, onde apanharam um vapor (barco com motor) para o Terreiro do Paço. Esperavam-nos o governo e vários representantes da corte. Após os cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direcção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. D.Carlos I morreu imediatamente, o herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante D. Manuel foi ferido num braço. Os autores do atentado, Alfredo Costa e Manuel Buíça, foram mortos no local por membros da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano. A sua morte indignou toda a Europa, especialmente a Inglaterra, onde o rei Eduardo VII lamentou instantemente a impunidade dos chefes do atentado.
Autor:Adriano Tavares, 6º5

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