(Antiga Escola Teixeira Lopes)

abril 10, 2008

(In)disciplina

Estamos a passar uma fase na Educação onde o tema da ordem do dia, para além da avaliação do desempenho do pessoal do docente, é a violência e a indisciplina na instituição escola.
Tudo isto é provocado pelo episódio caricato da aluna que disputou o telemóvel com uma professora, a par de uma turma que aproveitou negativamente a estupidez do acto, de um colega que resolveu filmar e colocar o filme no youtube e de alunos de uma turma que pecaram por omissão de auxílio e, em vez disso, se divertiram com a triste situação.
Foi preciso isto para que o nosso Presidente da República chamasse à residência oficial o Procurador-Geral da República (PGR), demonstrando assim a sua preocupação com a violência e indisciplina nas escolas públicas.
Todas as forças partidárias da oposição, tentam tirar partido desta situação, acusando invariavelmente o Ministério da Educação por termos chegado a este estado de coisas, reclamando mais autoridade para a classe docente e para as escolas.
Por seu lado, a Ministra da Educação diz que as escolas são os lugares mais seguros. Os sindicatos contestam, apresentando o número de telefonemas para a linha SOS Professor e de armas que foram apreendidas a alunos. Esgrime-se argumentos, opina-se a torto e a direito, organiza-se debates televisivos, acusa-se os conselhos executivos de abafar as agressões de que professores e funcionários são alvo, aponta-se o dedo aos ofendidos por não apresentarem queixa.
Com tudo isto parece (mas não deve ser) que a escola é uma aldeia, uma pequena porção de terra de um grande território, o país. Parece (mas não deve ser) que a escola deve viver de costas voltadas para o país. Parece (mas não deve ser) que a escola é um lugar diabólico e o país, a rua, um local impoluto, quase sagrado, onde tudo de bom acontece, em contraposição com o inferno que é a escola. Dizem também que os gangues nascem no interior da escola transpondo-se para o exterior. Opiniões.
Não me parece que assim seja!
A escola pública é algo que devemos defender e privilegiar pois é o reflexo da sociedade em que vivemos. A escola é um lugar onde os alunos gostam de estar.
Julgo que a escola não deve viver sozinha, de costas voltadas para a sociedade. A escola deve acompanhar a sua evolução. Deve ser dotada de técnicos especializados que ajudem os profissionais do ensino a resolver problemas que todos os dias acontecem neste espaço. Quando se aponta o dedo a esta instituição estamos a esquecer que o problema, mais do que da escola, é da sociedade. Esta é que deve ser modificada em proveito daquela.
Ao mesmo tempo as escolas devem, e sabem, resolver os seus problemas disciplinares e de violência, muito ajudando a isso o Estatuto do Aluno com um procedimento disciplinar mais simplificado e rápido, para que a medida disciplinar seja aplicada em tempo útil e não sejam gastas demasiadas horas em diligências quantas vezes desnecessárias e burocratizadas. Seria uma forma de promover o reforço da autoridade dos professores de que tanto se fala.
O combate à indisciplina e à violência não deve ser feito só na e pela escola. Muitas outras entidades devem estar envolvidas nesta luta muito antiga, agora mais visível, graças às novas tecnologias e a uma imprensa sedenta de acontecimentos que alimentam muitos dias as primeiras páginas.

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